Arquitetura em Exposição

Tão logo foi inaugurado, em novembro de 2002, o Museu Oscar Niemeyer tornou-se um dos mais importantes marcos referenciais urbanos de Curitiba. Implantado junto a um bosque de araucárias, ao lado do conjunto moderno do Centro Cívico, o MON, inicialmente denominado Novo Museu, apresenta dois períodos distintos da produção de Oscar Niemeyer.
O bloco horizontal foi projetado em 1967 para abrigar o Instituto de Educação do Paraná; porém, após a conclusão das obras na década de 1970, foi inaugurado como Edifício Presidente Humberto Castelo Branco e passou a abrigar secretarias de Governo do Estado do Paraná. No início dos anos 2000, com o arquiteto e urbanista Jaime Lerner à frente do Governo do Estado, o antigo edifício foi ressignificado, e um novo marco urbano projetado por Niemeyer foi acrescentado ao conjunto: trata-se de uma ampla sala de exposição elevada, apoiada sobre um pilar que cumpre a função de torre de circulação.
Nas áreas externas do MON é possível respirar arte, tecnologia construtiva e arquitetura. Por esse motivo, o Museu é um lugar caro aos curitibanos e aos turistas em visita à capital paranaense, que utilizam como espaço de expressão cultural e lazer os amplos gramados, o piso de pedra portuguesa desenhado por Burle Marx, a passarela e o vão livre, que pode ser compreendido como uma extensão natural do bosque e da cidade.
A arquitetura, ao longo do tempo, configurou-se como um possível suporte para outras artes, como escultura e pintura. Dessa forma, um museu voltado para a arte, para o design e para a arquitetura possibilita uma leitura complexa e crítica de manifestações que se complementam. Por isso, desde a sua concepção o MON é um museu também dedicado à arquitetura, que está presente na edificação, nos espaços externos, internos e nas exposições que ocupam temporariamente as suas salas.
Nos seus vinte anos de existência, o museu recebeu exposições sobre a produção arquitetônica de Oscar Niemeyer, João Batista Vilanova Artigas, Frederico Kirchgässner e Jaime Lerner, entre outros. Foi um período de aproximação com o tema e também uma reflexão sobre profissionais que, de alguma forma, se relacionam com o MON e com a cidade onde o Museu está inserido. A exposição “Concurso como prática: a presença da arquitetura paranaense”, em cartaz no segundo semestre de 2021, propôs uma reflexão mais aprofundada sobre a produção arquitetônica do nosso estado e seu reflexo no Brasil e no exterior.
As futuras exposições que ocuparão o interior do museu buscam ampliar a reflexão crítica sobre a arquitetura brasileira e o olhar para a América Latina, Portugal e os continentes asiático e africano, que contribuíram significativamente para a construção da nossa identidade arquitetônica. A partir dessa premissa expositiva, o MON pretende se afirmar nacional e internacionalmente como um espaço de discussão crítica, troca de conhecimentos e promoção da boa produção arquitetônica e urbanística.
A relevância de um museu não está apenas na contemplação da obra, mas também no fomento de discussões e reflexões, sempre de forma acessível ao público. No caso de um museu que também é voltado para a arquitetura, é importante a promoção de temas contemporâneos, que discutam o edifício, a cidade e a sua relação com questões atuais como sustentabilidade, tecnologia, inovação, mobilidade e qualidade de vida.
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Fábio Domingos Batista, arquiteto e curador

Oscar Niemeyer

Estudo de Projeto Arquitetônico do Museu Oscar Niemeyer, Sem data | Arquitetura | Caneta hidrográfica sobre papel | 21.5 x 130.7 cm Doação/Donation | Ano de Aquisição/Year of Acquisition: 2005 © Niemeyer, Oscar/ AUTVIS, Brasil, 2022

Elgson Ribeiro Gomes

Sem Título (Projeto Arquitetônico – Hotel – Escada Principal do Restaurante), 1960 | Arquitetura | Grafite e tinta ecoline sobre papel | 78 x 100 cm

Elgson Ribeiro Gomes

Estudo de Fachada, Sem data | Arquitetura | Grafite e nanquim sobre papel | 20.30 x 48.5 cm

Vilanova Artigas

Pilar da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, 1950-2015 | Objeto/ Maquete/ Arquitetura | MDF | 128 x 45.5 x 25 cm

Vilanova Artigas

Rodoviária de Londrina, 1950-2015 | Objeto/ Maquete/ Arquitetura | Técnica mista 19 x 156 x 50.5 cm

Vilanova Artigas

Escada Caracol – Casa Bettega, 1950-2015 | Objeto/ Maquete/ Arquitetura | Técnica mista | 116 x 77 x 77 cm