Nesta grande mostra retrospectiva de gravuras, realizada em parceria com a Fundação Cultural de Curitiba, o Museu Oscar Niemeyer, com o apoio do Governo do Paraná, destaca o talento do traço espontâneo e singular de Poty. Um artista paranaense que, a partir de sua “aldeia”, tornou-se universal, na temática de seus trabalhos e no reconhecimento de suas obras, no Paraná, no Brasil e no exterior.
A produtiva trajetória artística de Poty Lazzarotto (1924-1998, Curitiba) tem como marco o “Vagão do Armistício”, um restaurante freqüentado por políticos e intelectuais, instalado no quintal da casa da família Lazzarotto, no bairro Capanema. Foi lá que o interventor Manoel Ribas conheceu o talento do jovem Poty, que ganhou uma bolsa de estudos. Na Escola Nacional de Belas Artes, Poty recebeu sua primeira premiação, a Medalha de Bronze em Pintura no Salão Nacional. Logo despertou o interesse pela gravura e não parou mais.
Poty ilustrou contos, crônicas, publicações paranaenses, cariocas e obras de escritores consagrados, como Guimarães Rosa, Jorge Amado e José de Alencar. Como bolsista do governo francês estudou litografia e viajou pela Europa. De volta ao Brasil, deu prosseguimento à sua bem sucedida carreira até retornar ao ponto de partida. Reconhecido como um dos pioneiros da gravura brasileira, organizou o Curso de Gravura em Curitiba, São Paulo, Salvador e Recife. Tornou-se um especialista na execução de painéis e murais; apontados como os trabalhos mais representativos de sua obra.
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foto: Divulgação MON
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“Poty Lazzarotto – Gravuras”
Descendente de italianos, Napoleon Potyguara Lazzarotto nasceu em 29 de março de 1924, em Curitiba, PR. No restaurante dos seus pais: “Vagão do Armistício”, freqüentado pela intelectualidade paranaense, o interventor Manoel Ribas reconhece o talento do jovem Poty, concedendo-lhe uma bolsa de estudos no Rio de Janeiro. Cursando a Escola Nacional de Belas Artes, Poty obtém Medalha de Bronze em Pintura no Salão Nacional, em 1942.
Com seu interesse logo despertado para a gravura, que vai ser uma constante em sua carreira, matricula-se no Liceu de Artes e Ofícios passando a receber orientação do mestre Carlos Oswald. Em 1943 faz sua primeira exposição de gravuras no Salão do Diretório Acadêmico de Belas Artes no Rio de Janeiro e, no ano seguinte começa a ilustrar contos e crônicas na “Folha Carioca”. Também faz ilustrações para a revista paranaense “Joaquim”, editada por Dalton Trevisan, entre os anos 1946 e 48 em Curitiba e para obras literárias de importantes escritores brasileiros, entre os quais: Guimarães Rosa, Dinah Silveira de Queiroz, Jorge Amado, Euclides da Cunha e José de Alencar.
Mais tarde, como bolsista do governo francês, Poty freqüenta a “École de Beaux Arts” em Paris, cursando Litografia e viajando pela França, Espanha e Itália. No seu retorno ao Brasil, funda a “Escola Livre de Artes Plásticas” em São Paulo e começa a trabalhar nos “Diários Associados” e no jornal “Manhã”, dirigido por Samuel Weiner. Nessa época, já consagrado como um dos pioneiros da gravura brasileira, Poty organiza o “Curso de Gravura” em Curitiba, São Paulo, Salvador e Recife, em um grande trabalho de divulgação e aperfeiçoamento desta técnica.É com gravura que ele participa das três primeiras Bienais de Arte Moderna de São Paulo, de 1951 a 1955. Também nos anos cinqüenta, Poty começa a se especializar em murais, tornando-se destaque na difícil arte do registro artístico de fatos cívicos, acontecimentos nacionais e aspectos da vida econômica e social, ao criar um verdadeiro arquivo visual da história e da evolução tecnológica do homem.
São de sua autoria inúmeros painéis e murais em edifícios públicos e particulares do país e até na França, onde Poty executa, em madeira gravada, o mural para a Casa do Brasil.Desta produção, destacam-se em Curitiba: “Monumento Comemorativo ao 1º Centenário da Emancipação Política de Estado do Paraná” (azulejo) na Praça 19 de Dezembro; “São Francisco” (madeira) e “Paraná” (concreto) no Palácio Iguaçú; “Assembléia” (madeira) e “Símbolos do Paraná” (um em concreto e outro em madeira/cobre) na Assembléia Legislativa do Paraná; “O Trabalho Humano e a Evolução Tecnológica” (azulejo) no Centro Politécnico da Universidade Federal do Paraná; “Evolução das Artes Cênicas” (concreto) e a cortina corta-fogo do Teatro Guaíra; “Desenvolvimento de Curitiba” na Praça 29 de Março; o mural “Quatro Estações” no Hotel Paraná Suíte, que toma toda a fachada do prédio, totalizando 37,5m de altura por 10m de largura; “Cultura e Memória” no Palácio Avenida e o mural do Clube Curitibano todos em concreto; além do “Monumento ao Tropeiro” na Lapa, executado por Franco Giglio em mosaico. A estes se somam os magníficos murais internos do Memorial Latino Americano, na cidade de São Paulo.
Em 1955, casa-se com Dª Célia Neves Lazzarotto, união que nasceu de uma encomenda mandada por amigos brasileiros que Poty levou para ela quando foi a Paris, em 1946.Ao longo de anos de convivência, o casal reúne, ora comprando, ora em permuta e, às vezes, recebendo como presentes pessoais, um magnífico acervo de obras de arte. Esta coleção, na qual constam obras de Pancetti, Guignard, Di Cavalcanti, Djanira, Portinari, Burle Marx, Carybé, Antonio Maia, Oswaldo Goeldi, além de santos e cerâmica popular, logo após a morte de Célia Neves Lazzarotto, ocorrida em 1985, se torna um dos cernes do Acervo da Prefeitura Municipal de Curitiba, e motiva a denominação “Sala Célia Neves Lazzarotto” a um espaço de exposições do Museu Metropolitano de Arte de Curitiba, em homenagem ao desprendimento e generosidade do casal.
As gravuras apresentadas aqui fazem parte do acervo doado pelo casal. Elas mostram uma linguagem figurativa relacionada com a religiosidade, ao mesmo tempo em que se aproximam das imagens dos personagens retratados em seus murais, que hoje estão espalhados em nossa cidade, e que são tão familiares ao nosso olhar.
O extenso currículo artístico de Poty mostra sua participação em incontáveis salões e exposições, tendo realizado mais de 40 individuais pelo país, em cidades como Curitiba, Salvador, Londrina, São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Uberaba, e também em países da Europa e nos Estados Unidos.
Parte de sua produção pode ser encontrada em publicações, sendo as mais importantes: os dois livros “Curitiba, de Nós” e “A Propósito de Figurinhas” editados em parceria com Valêncio Xavier, “Poty, o Artista Gráfico” de Orlando DaSilva e “Poty, Trilhas e Traços” também de Valêncio Xavier. Sobre Poty, há um documentário curta-metragem em 35mm que foi exibido comercialmente nos cinemas, além do filme “O Mundo Mágico de...” dirigido por Araken Távora e rodado em 1980.
Faleceu em 7 de maio de 1998, em Curitiba.
Nilza Knechtel Procopiak
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