Museu Oscar Niemeyer apresenta a mostra “Kirchgassner: um modernista solitário”
A exposição desvenda a obra modernista de Frederico Kirchgassner
O Museu Oscar Niemeyer (MON) recebe a exposição “Kirchgassner: um modernista solitário”, com curadoria de Salvador Gnoato. A mostra contará com obras ainda desconhecidas do arquiteto que antecipou o modernismo no Brasil, Frederico Kirchgassner (1899-1988).
Juliana Vosnika, diretora-presidente do Museu Oscar Niemeyer, ressalta: “Nesta exposição o público terá a oportunidade de conhecer mais profundamente o legado de Kirchgassner, fundamental para a história da cidade, referência até hoje com seus projetos e obras”.
“O arquiteto Kirchgassner é um dos mais importantes nomes da nossa arquitetura. Ele esteve à frente do seu tempo, e poder resgatar esse trabalho e apresentar num dos museus mais importantes do mundo é um privilégio. O Museu Oscar Niemeyer mais uma vez cumpre o objetivo de aproximar a comunidade de um nome de grande importância da nossa cultura, de relevância para a nossa história”, comentou o secretário de Estado da Cultura, João Luiz Fiani.
Kirchgässner nasceu na Alemanha em 1899, vindo para o Brasil pouco tempo depois em 1909. Instalado em Curitiba, o alemão estudou Artes Plásticas e Arquitetura por correspondência na Architectktur System Karnack-Hachfeld de Potsdam e na Deutche Kunstschule de Berlim. No final da década de 1920, foi para Berlim fazer provas e tirar seu diploma. Lá conheceu Hilda (1902-1999), sua prima, com quem já trocava cartas. Apaixonaram-se, casaram-se e vieram para o Brasil.
Aqui, o arquiteto projetou a casa em que moraria com Hilda, no ano de 1930. Na Rua Jaime Reis, no centro da capital paranaense, a casa de Kirchgassner surpreendeu com a estética modernista que só seria difundida no país nas décadas de 1950 e 1960. A edificação com laje ao invés de telhado, com pórticos no terraço emoldurando a paisagem, seguia a tendência modernista já reconhecida na Europa e Estados Unidos, com Le Corbusier, Ludwig Mies van der Rohe, Alvar Aalto e Frank Lloyd Wright. Em Curitiba, o usual eram as casas com grandes telhados inclinados, herança da colonização europeia.
Para combinar com a vanguarda da casa, Kirchgassner desenhou e produziu móveis de design inovador, criando um mobiliário notável. O arquiteto projetou também a casa de seu irmão, Bernardo Kirchgassner, e um pequeno edifício de apartamentos.
“Inserido na formação multicultural de Curitiba, Kirchgassner executou as primeiras casas modernistas da cidade dentro do espírito das vanguardas da Alemanha dos anos 1920”, pontua Salvador Gnoato, curador da mostra.
Kirchgassner trabalhou como topógrafo da Prefeitura de Curitiba. Em 1929, desenhou a Planta de Curytiba, com nanquim sobre tecido, e uma série de desenhos da paisagem da cidade. Além da arquitetura, dedicou-se à pintura, e este seu lado artístico também é exposto na mostra.
A exposição é composta também por obras de Hilda Kirchgassner, que também era artista visual e se dedicava principalmente às aquarelas. Em 1941, Hilda teve seu trabalho reconhecido no I Salão Paranaense de Belas Artes.
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foto: Divulgação MON
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Materiais da Exposição
Frederico Kirchgässner (1899-1988) nasceu na Alemanha, mas foi registrado no Brasil. Desde a infância manteve intensa conexão com a sua terra natal, o que permitiu absorver o espírito de vanguarda das primeiras décadas do século XX. Incentivado por seu tio Franz, Reitor da Escola Feminina de Baden-Baden, iniciou seus estudos em artes e arquitetura, por correspondência.
Estas experiências fizeram com que seu trabalho se diferenciasse das obras de influência italiana produzidas em Curitiba por Ernesto Guaita (1843-1915) e João de Mio (1879-1971) na arquitetura; e de Guido Viaro (1897-1971) e Theodoro de Bona (1904-1990) na pintura.
Em 1929 fez sua segunda viagem à Alemanha, para obter seus diplomas de Artes e Arquitetura e também para se casar com sua prima Hilda (1902-1999), filha de Franz Kirchgässner. Retornando ao Brasil, desenhou a nanquim sobre tecido Planta de Curytiba como funcionário da prefeitura.
No Brasil, Hilda manteve sua atividade artística pintando aquarelas, tendo obtido reconhecimento no I Salão Paranaense (1941). Frederico produziu óleos sobre tela com temas fantásticos, incluindo escritas poéticas em alemão.
Em 1930, Frederico projetou e construiu sua própria casa. Uma pequena obra-prima no modo como implantou a casa no terreno e como distribuiu o programa nos diversos pavimentos; no cuidado na execução construtiva; no uso de paredes duplas que propiciam excelente conforto térmico; no desenho dos pórticos e na utilização do terraço do último pavimento; na racionalidade da concepção da cozinha em corredor e no requinte com que foram executados todos os detalhes da edificação.
Kirchgässner também desenhou e executou o mobiliário da suíte do casal, a mesa e o sofá da sala de estar, além de outras peças do interior da casa, dentro do espírito do início do modernismo, quando não se dispunham de móveis industrializados que acompanhassem a estética da casa.
Projetou ainda a casa para seu irmão Bernardo, em 1936, com as mesmas concepções de volumetria e detalhamento construtivo. Tendo utilizado nesse projeto tons de rosa, contrastando com os tons de amarelo de sua casa.
Inserido na formação multicultural de Curitiba, Kirchgässner executou as primeiras casas modernistas da cidade dentro do espírito das vanguardas da Alemanha dos anos 1920. Contemporâneas e ao mesmo tempo diferentes das exemplares modernistas de Gregori Warchavchik (1896-1972) em São Paulo, Kirchgässner projetou suas casas com programas para moradores específicos, com técnicas e funcionalidades para uso urbano, sem preocupação de se constituírem modelos racionais a serem reproduzidos.
Durante o período da Segunda Guerra Mundial, as manifestações antigermânicas e o fechamento das Deutsche Schulen na cidade, aliado ao seu caráter introspectivo, provocaram um recolhimento das atividades de Kirchgässner. Somente em 1989, um ano após sua morte, com uma retrospectiva na Galeria Banestado, houve o início do redescobrimento de suas obras.
Salvador Gnoato
Curador
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