Através da tela do seu celular você pode ter acesso a um conteúdo educativo sobre obras especialmente selecionadas nas exposições de acervo do MON. O “Acesse para Perceber” é um dispositivo de mediação em arte dirigido para o público espontâneo (visitantes sem agendamento). Os conteúdos disponíveis na plataforma contemplam obras das diferentes coleções de artes visuais, arquitetura e design, em cartaz no MON. Algumas dessas obras possuem também a versão do conteúdo em audiodescrição para pessoas cegas e com baixa-visão. O material é disponibilizado por meio de códigos QR que dão acesso aos textos e aos arquivos em áudio.

Sobre o programa

 Para conhecer, aponte a câmera do seu celular nos QR Codes presentes nas obras selecionadas e exposições de acervo.

Acesse para Perceber

O projeto Acesse para Perceber é um dispositivo de mediação em arte dirigido para o público espontâneo (visitantes sem agendamento). Os conteúdos ofertados pelo projeto contemplam uma seleção de obras das diferentes coleções de artes visuais, arquitetura e design, cinco dessas obras possuem também a versão do conteúdo em audiodescrição para pessoas cegas e com baixa-visão. O material é disponibilizado por meio de códigos QR que dão acesso às fichas e aos arquivos em áudio. A proposta baseia-se na formação para a autonomia e para a emancipação do sujeito na exploração do espaço expositivo e na sua relação com a arte. O projeto desperta também o interesse junto a outros perfis de visitantes espontâneos do museu, como o público adolescente e jovem, já habituado à customização de serviços e à procura de informações complementares para aqueles assuntos que despertam o suas curiosidades.

Hachura é uma técnica de desenho que consiste em traçar linhas finas e paralelas, retas ou curvas, para criar efeitos de sombra, meio-tom, profundidade e textura. 

Como as hachuras contribuem para retratar o tema da imagem? A potência visual desse desenho nos provoca qual reação?

Nessa imagem, Poty retrata a consequência maior da guerra.
A partir do breu, corpos se amontoam indistintos e a figura esquelética maior se destaca com a foice na mão, vestida com a faixa de mando ou faixa de autoridade. 

Quem promove a guerra é mais ou menos vivo do que aqueles que a combatem?

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Acesse para perceber

Nanquim sobre papel

Sem título, sem data

Aproxime-se da imagem, veja as sombras presentes no rosto, as linhas que formam o nariz, os cabelos que escapam do modesto coque, a linha marcante da maçã do rosto, os lábios pequenos e os olhos tranquilos de Julia Lazzarotto, mãe de Poty.

Conhecida pelo seu risoto, Julia Lazzarotto, junto com Isaac Lazzarotto, foram os responsáveis por criar o Vagão do Armistício. Na época, o restaurante familiar reunia a elite política e intelectual de Curitiba na propriedade da família Lazzarotto e foi um dos principais motivos para que seu filho, Poty, ganhasse do então interventor federal do Paraná, Manoel Ribas, uma bolsa de estudos na Escola Nacional de Belas Artes no Rio de Janeiro.  

O retrato é uma representação visual de alguém. Porém, mais do que a tentativa fidedigna de representar a realidade, o retrato inaugura  a construção de uma identidade. É um olhar de alguém sobre alguém. 

Observe a imagem com atenção. Como Poty enxerga Julia? Quais traços de sua mãe o artista escolheu ressaltar? Qual sua personalidade? Quais segredos ela parece guardar?olta, Poty promoveu a gravura no Brasil dando aulas em São Paulo, na Bahia e no Paraná.

Julia Lazzarotto, mãe do artista, déc. 80

Gravura em metal - água forte e ponta seca sobre papel

Concentre-se em observar os pés do personagem que estão fora do quadrado preto da imagem. Permaneça com os olhos fixos neles, deixe que os pés e pernas se embaralhem em sua vista. Você consegue dizer qual é qual? Qual delas está na frente? Qual está atrás? Será que se movem adiante ou tentam se equilibrar no mesmo lugar?

O traço de Poty treme, vibra pelo corpo todo do personagem, o deslocamento e o frio são representados em linhas tortas. 

Nascido em 1924, em Curitiba, Poty desenhou o cotidiano da cidade onde cresceu. Se observarmos o caminhar do personagem, suas vestes e gestos, o que podemos descobrir? Por que vaga descalço noite adentro? Qual sua ocupação? Para onde estaria indo? 

Geada, 1971

O que você vê é a representação de uma comitiva de gado. 

Comandada pelo berrante do vaqueiro, esse rebanho caminha dias sob o sol para se alimentar em pastos mais verdejantes, encontrar as águas de um rio ou, simplesmente, para a venda desses animais. Comum até os dias de hoje, a comitiva inaugura o longo caminhar da boiada.

Você consegue perceber esse movimento na imagem? Observe as cabeças dos bois que estão na parte de cima – elas permanecem do mesmo tamanho até embaixo? 

A mudança de tamanho indica que o gado caminha em linha reta em nossa direção. Além de representar o real movimento da boiada, a comitiva corta verticalmente a imagem, deixando a gravura mais dinâmica. 

Apesar de ser mais reconhecido por seus murais e desenhos, Poty foi um excelente gravador. Em 1946, o artista foi a Paris estudar litografia, a arte de realizar gravuras usando pedras como matriz. Na sua volta, Poty promoveu a gravura no Brasil dando aulas em São Paulo, na Bahia e no Paraná.

Ilustração para Sagarana, de Guimarães Rosa, Boiadeiro sob o sol, 1983 

Água-forte e água-tinta sobre o papel, 1,4

No desenho, como o jornaleiro é representado? O que veste? O que chama mais a atenção em seu rosto? Como você imagina que são suas condições de trabalho? Será que ele é maior de idade? 

Mão de obra barata num sistema informal de distribuição de imprensa, os jornaleiros, muitas vezes menores em situação de rua, trocavam a escola pela calçada, deixando a infância entre os carros e as praças repletas de consumidores e manchetes. 

Conhecedores do público dos centros urbanos, os jornaleiros liam o jornal do dia à procura das notícias mais dramáticas, aquelas capazes de cativar, convencer e persuadir seus compradores. Nas vezes em que não encontravam notícias capazes de instigar o seu público e, precisando ganhar alguns trocados, os jornaleiros inventavam suas próprias manchetes. 

Você já inventou uma notícia? Já criou uma manchete? Como você atrairia o público transeunte de uma cidade para escutar e, assim, vender a sua notícia? 

Jornaleiro Mário Vermelho, 1971

Você já assistiu algum filme silencioso? Ou foi a uma exibição em que a trilha musical foi tocada ao vivo? 

Nesse desenho, intitulado “cinema”, vemos ao fundo dois músicos, um pianista e um violinista. Apesar dos nomes populares para o cinema do início do século XX, como “cinema mudo” ou “cinema silencioso”, a história e o desenho mostram que, na realidade, o cinema nunca foi habituado ao silêncio. 

Ainda que o som não estivesse sincronizado às imagens, muitos filmes tinham, sim, som. As músicas podiam ser composições feitas para o filme ou parte do repertório dos músicos e precisavam ser tocadas ao vivo, durante a exibição. Em algumas sessões, crianças dublavam os personagens em tela e, quando descobertas, eram retiradas da sala, como mostra o desenho.

Quando criança, o artista frequentava cinemas de rua da cidade, que se tornaram referências importantes para a formação artística de Poty, que copiava as cenas dos seus filmes favoritos em seus desenhos.

Cinema, 1960

Quais sons e silêncios encontramos nessa paisagem? Observe bem a imagem, feche os olhos e se coloque dentro da paisagem.

Realizado na década de 1990, o desenho que vemos é uma mistura entre as linguagens de nanquim e aquarela. Nele, como a inscrição na lateral indica, observamos o litoral paranaense, mais precisamente, a cidade de Antonina. 

Perceba que o desenho traceja o essencial, as linhas leves e finas retratam sutilmente a imensidão da natureza, representada pela serra e pelo mar.  

Se você estivesse nessa cena, o que você confidenciaria aos pássaros?

Nanquim e aquarela sobre papel

Antonina, 1990

Observe o menor soldado à direita. Qual característica em seu rosto chama mais a atenção? Sua arma, assim como seu cacetete, são proporcionais à altura do seu corpo? Perceba que as sombras que incidem no corpo do personagem não incidem sobre a arma que ele carrega – como essa exceção orienta nosso olhar? Observando o conjunto desses elementos, o que o artista sugere sobre esse personagem? 

Exagerada, cômica, grotesca – são apenas algumas das possíveis palavras para descrever uma caricatura. Longe de ser apenas uma homenagem, a caricatura está associada intimamente ao exercício da crítica. 

No desenho que observamos, Poty exagera, chamando a atenção para alguns elementos em vez de outros. Os excessos no desenho de Poty são escolhas conscientes que indicam a percepção do artista visualmente, construindo um discurso a partir do traço. 

Sem título, déc. 1960

Deixe seus olhos passearem pelo desenho. 

Você reparou que alguns personagens possuem mais detalhes que outros? Quais são mais detalhados? Quais chamam mais atenção? Como nosso olhar percorre pelo desenho ao observar que alguns elementos possuem mais detalhes em comparação com outros?

Neste desenho, Poty utiliza diferentes elementos visuais para conduzir nosso olhar através da composição. Um deles é a quantidade de detalhes. Repare que os elementos e personagens que apresentam mais linhas, e linhas mais escuras, possuem sombra e volume distintos, que aparentam saltar do papel e chamam a nossa atenção para sua presença.

Enquanto alguns personagens são representados com poucas e finas linhas, o menino e o morto são desenhados detalhadamente. Ao observar a ação do menino, qual é sua relação com o falecido? Será que ele é capaz de enxergar? Compreender o que presencia? No desenho, qual é a relação da infância com a morte? 

Velório, 1971

Sobre o trem em movimento, o vento equilibra o guarda-freios em sua passagem. Isaac Lazzarotto, pai de Poty, era ferroviário, um guarda-freios.

Na época, a função do guarda-freios era apertar ou afrouxar o freio mecânico contido em cima de cada vagão para que, assim, o trem freasse ou partisse. Um trabalho que envolve muito risco e que no desenho, entretanto, não vemos o perigo inerente à função, mas, sim, outro olhar. O que a criança sente ao observar o homem sobre o trem? 

O que você sente ao observá-lo? Quais imagens da sua infância provocam o mesmo sentimento? 

Você admirava ou ainda admira a liberdade de alguém?

Poty Lazzarotto

Sem título, sem data

Julia Lazzarotto, mãe do artista, déc. 80

Geada, 1971

Ilustração para Sagarana, de Guimarães Rosa, Boiadeiro sob o sol, 1983

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