Na execução de móveis, objetos e de projetos arquitetônicos, Carlos Motta mantém a paixão de um principiante. “É como se fosse o início de um namoro, onde tudo é empolgação e positivismo. Desenhar peças utilitárias e abrigos para as pessoas têm sido o meu trabalho. Faço isso com muito prazer, buscando entender que as necessidades de todos nós são muito parecidas, e se repetem de geração em geração.”
O trabalho do artista é focado na criação de objetos utilitários que satisfaçam as necessidades das pessoas, sem nunca esquecer que o belo e o duradouro devem sempre estar presentes na peça final. Motta também acredita que como profissional deve ter a responsabilidade e a consciência de propor um trabalho e uma maneira de vida que cause o menor dano possível ao meio em que vivemos. “A natureza é generosa e muito nos tem oferecido. Mas nosso planeta está cansado, exaurido. Temos a obrigação de reconsiderar o que é importante e vital para o homem. É necessário propor um design objetivo, básico. Desvincular a felicidade do bem material.”
Motta diz que, com os caiçaras, aprendeu o nome de pássaros, peixes e, especialmente, aprendeu a se aproximar do âmago e do purismo da vida. “A vida se expressa de maneira simples e básica. O belo não é somente observado, é vivido e incorporado. Não há intelectualidade.” Com trabalhos premiados e vários deles amplamente copiados, como a Cadeira São Paulo, o designer chega à maturidade, na vida e na arte, sempre norteado por seu espírito jovem em plena sintonia com o meio ambiente, um exemplo reconhecido do bom design.
Carlos Motta
Apaixonado por surf, marcenaria e pescaria, Carlos Motta iniciou o trabalho na década de 1970, fazendo objetos com peças de madeiras trazidas pelo mar, nas praias do litoral paulista, onde frequenta. Em 1975, já na faculdade de Arquitetura, desenvolveu os primeiros protótipos de móveis. Nesse mesmo ano, em uma pequena oficina de marcenaria na Vila Madalena, em São Paulo, produziu as primeiras cadeiras e poltronas. Já formado, em 1976, se mudou para a Califórnia para estudar marcenaria e técnicas construtivas.
Carlos Motta retornou a São Paulo em 1978 e abriu o atelier na Vila Madalena. Sua proposta é projetar e executar móveis, objetos, esculturas e trabalhos de arquitetura provocando o menor impacto ambiental possível. Com essa meta, produz as peças com madeira de redescobrimento –árvores caídas, madeira de demolição ou encontradas no mar e em rios –, além de madeiras certificadas pelo F.S.C. Nos anos de 1980 e 1990 consolidou seu escritório de arquitetura e design, de desenvolvimento de protótipos e de execução de linhas de móveis e trabalhos especiais. Em 1994 retornou à Califórnia, onde morou por um ano. A partir daí, aumentou a distribuição de seus produtos no Brasil, Estados Unidos e Europa. No final dos anos 1990 passou a desenvolver projetos de arquitetura.