MON realiza exposição de arte africana com peças recém-incorporadas ao seu acervo
A exposição “África, Expressões Artísticas de um Continente”, realizada pelo Museu Oscar Niemeyer, apresentada pela Copel, poderá ser vista pelo público a partir de 26 de agosto, na Sala 4. É um recorte da grandiosa doação feita pela Coleção Ivani e Jorge Yunes (CIJY) ao MON.
No total, são aproximadamente 1.700 obras de uma das mais importantes e significativas coleções de objetos de arte africana do século XX, que passam a pertencer ao acervo do Museu Oscar Niemeyer e, consequentemente, ao Estado do Paraná.
“A vinda da coleção de arte africana é parte de um processo de consolidação do marco referencial do MON, que estabelece como diferencial da instituição prioritariamente colecionar arte paranaense e brasileira e expandir seu olhar não eurocêntrico para a arte latino-americana, asiática e africana”, explica a diretora-presidente do MON, Juliana Vosnika. “Buscamos incessantemente incrementar o acervo, pois aí está a alma de um museu, a sua essência”, comenta.
Juliana lembra que, em 2018, o MON foi o museu escolhido por suas condições técnicas, capacidade de gestão e credibilidade da instituição a receber uma doação de quase 3 mil obras de arte asiática. Doadas pelo diplomata e professor Fausto Godoy e oriundas de vários países daquele continente, parte das obras pode ser vista pelo visitante do MON na mostra “Ásia: a Terra, os Homens, os Deuses”, na Sala 5.
Maior museu de arte da América Latina em área construída, com 35 mil metros quadrados, o MON triplicou o seu acervo nos últimos anos. Desde que foi inaugurado, em 2002, e até 2015, o MON contava com cerca de 3 mil obras. Atualmente, possui mais de 9.300 obras em seu acervo.
Mostra africana
Segundo o curador da exposição “África, Expressões Artísticas de um Continente”, Renato Araújo da Silva, as obras doadas ao MON foram adquiridas ao longo de mais de 50 anos pelo casal Ivani e Jorge Yunes, detentores de uma das maiores coleções de arte do Brasil.
“Com a exposição de objetos de heranças culturais tão distintas, encontramos aqui um importante ponto em comum: dentro do Museu, essas artes são elevadas a uma mesma plataforma artística, igualando a arte africana ao patamar da arte mundial”, diz. “Eis uma maneira de honrar a ancestralidade visual do passado e de abrir os novos plantios, rotas e perspectivas dessa arte no futuro”, comenta Renato.
Fazem parte da exposição: máscaras, esculturas, bustos e cabeças de bronze, miniaturas metálicas, objetos do cotidiano e instrumentos musicais.
As obras têm origem em países como Costa do Marfim, Mali, Nigéria, Camarões, Gabão, Angola, República Democrática do Congo e Moçambique, entre outros.
Renato Araújo da Silva é historiador em Filosofia pela Universidade de São Paulo e coautor, entre outros trabalhos publicados, do livro “África em Artes”. Curador e pesquisador, atuou no Museu Afro e realizou outras exposições em museus, como o de Arte Sacra de São Paulo.
Imagens
foto: André Nacli
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Vídeo destaque
A mostra “África, Expressões Artísticas de um Continente” é um recorte da doação de aproximadamente 1.700 peças de arte africana contemporânea, a partir da parceria do MON e da Coleção Ivani e Jorge Yunes. Assista ao recado do curador da exposição, Renato Araújo, e visite a Sala 4 do MON. ⠀⠀⠀⠀⠀ Exposição apresentada pela COPEL @copel_energia. #ArteAfricana#MuseuOscarNiemeyer
Transforme uma árvore em lenha que ela arderá; mas nunca mais lhe dará flores e frutos.
Rabindranath Tagore (1861-1941), poeta bengali
A antiga metáfora da fertilidade relacionada à força vital e à potência das árvores, com as suas raízes profundas, o seu caule como alicerce, as suas ramificações como desdobramentos de si, seu legado como flores e frutos simbólicos, nunca foi tão adequada quanto ao ser aplicada às permanentes ligações com a nossa Mãe África. Se pensarmos então nas metáforas da gigantesca árvore baobá, desde as referências históricas mais severas associadas à escravidão pela chamada “árvore do esquecimento” até as mais suaves, como a da famosa árvore do livro O Pequeno Príncipe, os aprendizados daí decorrentes seriam análogos: “Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas”, como disse Saint-Exupéry.
Se as expressões artísticas surgem dos sentidos, o legado das civilizações surge das mãos. E como são belas as manifestações dos povos; como são belas as artes da África! O amor e a ânsia pelo belo, o amor e o temor à natureza e aos deuses e o destemido apreço à civilização foram tão caros às nações africanas que indistintamente distribuíram e reputaram a todos os aspectos da existência, contraditórios ou não, alguma forma de manifestação artística.
As artes demarcam as formas de um tempo. A exposição de longa duração “África, Expressões Artísticas de um Continente” apresenta, assim, um dos pontos essenciais da transição do desenvolvimento das artes africanas mais antigas, desde a sua retirada do continente e a posterior descontextualização de seus significados intrínsecos, vistos no mundo moderno e contemporâneo a partir de uma ênfase em suas formas artísticas. Antes restrita aos museus europeus enquanto objetos de culturas milenares ditas tradicionais, hoje as obras legadas da África puderam se conformar ao fazer artístico da atualidade, oferecendo ao mundo todo a chamada “arte tradicional africana contemporânea”, como é conhecida pelos especialistas. Essas obras são instrumentos de modernização recentes e autênticos das artes populares africanas ou ainda reproduções modernas das antigas peças destinadas sobretudo aos mercados emergentes nos trópicos.
Estreitando os laços institucionais, o Museu Oscar Niemeyer (MON) recebeu esta importante doação de obras africanas da Coleção Ivani e Jorge Yunes (CIJY). Ao longo de mais de cinquenta anos, o casal adquiriu obras que abrangem cinco continentes. Essa doação engloba cerca de 1700 objetos advindos da África: são máscaras, estatuetas, bustos, miniaturas, objetos do cotidiano, instrumentos musicais e um grande número de outras peças. De maneira positiva, eles integram hoje o acervo do Museu Oscar Niemeyer, o qual parabenizamos por ter dado esse passo oportuno, enriquecendo a sua coleção e ao mesmo tempo todo o legado africano no Paraná e no Brasil. Convidamos a todos, então, a fazerem parte ativa nessa imersão pela arte da África, observando as suas formas naquilo que elas mesmas possam surpreender e permitir uma fruição equivalente a outras no universo artístico, sem determinações estanques, dando um passo a mais nesse diálogo.
Da grande árvore da África geraram-se múltiplos frutos e novos legados. Não foi por acaso que, assim como a maioria dos povos subsaarianos, os assírios, os egípcios, gregos e romanos, os maias, os incas, os astecas e basicamente todas as grandes civilizações desenvolveram uma cultura do uso de máscaras e fizeram representações em esculturas. Com a exposição de objetos de heranças culturais tão distintas, encontramos aqui um importante ponto em comum: dentro do museu, essas artes são elevadas a uma mesma plataforma artística, igualando a arte africana ao patamar da arte mundial. Eis uma maneira de honrar a ancestralidade visual do passado e de abrir os novos plantios, rotas e perspectivas dessa arte no futuro.
Renato Araújo da Silva
Curador e Especialista em Arte Africana
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