La exposición del artista Poty Lazzarotto (1924 – 1998): Será inaugurada el día 25 de octubre, en la Torre del Ojo del Museo Oscar Niemeyer (MON), “Poty, Entre Dos Mundos”, con obras inéditas. La curaduría es de Maria José Justino y la asistencia curatorial es de Juliane Fuganti.
La muestra forma parte de la colección más grande jamás donada a la institución, con aproximadamente 4,5 mil obras, e inicia un espacio continuo de exposiciones de este importante artista en el MON.
La donación, generosamente hecha por el hermano de Poty, João Lazzarotto, trajo al Museo más de 3 mil dibujos y 366 grabados, además de tapices, tallas, serigrafías y esculturas.
Con motivo de la donación, el hermano comentó que el gesto atendía al deseo del artista. “Poty decía que una obra de arte es para que la mire el público y quería que las suyas se quedaran aquí. Rechazó las órdenes de llevarlo a París y para otros lugares. Curitiba lo era todo para él”. El hermano explicó que la familia optó por hacer la donación al MON porque es un museo con las condiciones necesarias para albergar, conservar y exhibir las obras.
“A partir de ahora, una parte importante de la colección Poty podrá ser vista por el público en esta muestra, que inicia en el MON un espacio continuo de exposiciones de este importante artista”, afirma la directora-presidente del MON, Juliana Vosnika. Parte de sus obras también deberá ser llevada al interior del Estado, en exposiciones itinerantes, permitiendo así que la institución ejerza su importante función de democratizar el arte.
Para Luciana Casagrande Pereira, superintendente general de Cultura, “la incorporación de la colección de Poty a la colección del MON es un hito porque es la garantía de que la gran y expresiva obra del artista se convierta definitivamente en patrimonio de los paranaenses”.
La exposición
La exposición reúne aproximadamente 130 obras. Según la curaduría, el público tiene em esta exposición la oportunidad de escudriñar un Poty ambivalente: la experiencia mística y transgresora, la contemplación y los sentidos, el amor divino y el carnal narrados por bellas imágenes.
El tema de lo sagrado se presenta con diversas técnicas: dibujo, punta-seca, aguafuerte, aguatinta, Litografía, xilografía, escultura y mural. La exposición también trae al público muchos dibujos, en su mayoría inéditos, hechos por el artista.
“Dueño de un dibujo primoroso y de un grabador excepcional, Poty fue grande en muchos temas: el obrero (en particular, los ferroviarios), la guerra, la ciudad, la historia (narrada, sobre todo, en los inmensos murales al aire libre), los indígenas (en 1967, Poty se alojó en el Parque Indígena de Xingú), los santos (en especial, San Francisco), las mujeres de la familia, las prostitutas y las escenas cotidianas”, comenta María José. “En todos, él es único”, dice la curadora.
Doação extraordinária que a família de Poty Lazzarotto generosamente entrega ao público, alojada no MON. São mais de 4.500 obras em diversas linguagens: desenho, gravura em metal – água-forte, água-tinta, ponta-seca –, xilogravura, litografia, serigrafia, entalhe e escultura, além de matrizes de gravuras. Dono de um desenho primoroso e um gravador excepcional, Poty foi grande em muitos temas: o trabalhador (em especial, os ferroviários), a guerra, a cidade, a história (narrada sobretudo nos imensos murais a céu aberto), os indígenas (em 1967, Poty albergou-se no Parque Indígena do Xingu), os santos (em especial, São Francisco), as mulheres da família, as prostitutas e as cenas do cotidiano. Em todos, ele é ímpar. O MON passa a ser uma espécie de repositório da coleção, com o compromisso de divulgá-la.
Neste primeiro momento em que se revela esse acervo ao público, optamos por uma pequena entrada no conjunto da coleção, dando uma ideia geral desse tesouro, no que tange tanto às técnicas quanto às temáticas. Apresentamos na sala do 1º andar uma introdução que busca dar conta do vultoso legado, com uma amostra das técnicas e dos temas. Em seguida, em outra sala (térreo), fizemos dois recortes que vagueiam entre o sagrado e o profano, instâncias que muitas vezes se cruzam. Nessa sala, no que concerne ao profano, o público terá uma entrada, por meio sobretudo de desenhos, em boa parte das obras ainda inéditas. Trata-se de uma profícua produção de Potynos anos 1960, mas que também aparece, em produção menor, em outros tempos e em outras técnicas.
Nas duas salas, temos tempos diferentes. Tempo “dividido em tempo profano e tempo sagrado, sendo o primeiro o tempo ordinário, o do trabalho e do respeito aos interditos, e o segundo, o tempo da festa, isto é, essencialmente o da transgressão aos interditos” (Caillois. In Bataille:166).
Poty é um nome fundamental na arte brasileira. Quem teve essa perspicaz percepção, muito antes dos historiadores da arte e dos críticos, foi o antropólogo Darcy Ribeiro ao afirmar: “Se o Paraná não produzir daqui pra frente nenhum artista mais, só com o Poty estará à frente de todas as outras províncias brasileiras”. Acertou em cheio. Criador de uma poética, ele inscreve uma assinatura singular na arte brasileira. Seus traços são inconfundíveis. Potyé único.
Sua obra deixa entrever a admiração pela alemã Käthe Kollwitz, além do cinema expressionista alemão e do seu confessado amor por Daumier e Goya (“A Revolta” e “Desastres da Guerra”). Mas há um deslumbramento por Paolo Ucello, em especial pela obra “Batalha de São Romano”, que ensina a Poty a desordem criativa. De resto, Poty é um artista de estirpe, raro, sensível, culto e de seu tempo, surpreendente tanto na arte como na teoria. Seu amor por Goya e Kollwitz guarda o encanto pelo povo. Não era filiado ao Partido Comunista, mas tinha com os socialistas uma identidade na temática popular e no interesse de que a arte se estendesse a todos. “Fui seguindo desenhando meus operários sem me comprometer… não tenho temperamento para me submeter a disciplinas” (Poty). É a tendenciosidade autêntica no artista que só aumenta a qualidade da obra.
Poty era religioso? Como filho de italianos católicos, tem lá a sua parcela de religiosidade, mas não no sentido de um homem de Igreja. Mesmo porque Potyfaz parte de uma geração herdeira da industrialização que contribuiu para a dessacralização do cosmos. Mas permanecem em Poty vestígios do sagrado, atração pelo mistério do homem, uma vontade de comunicação com o transcendental. Creio que ele se aproxima da religião muito mais no entendimento de religare. A ligação ao outro, à natureza e, no caso de Poty, a sua sensibilidade pelos trabalhadores atestam essa empatia – ou religare.
O sagrado se faz presente em todo universo espiritual, em todo lugar em que a realidade transcende o mundo. O tempo moderno é o da dessacralização. “O homem moderno a-religioso assume uma existência trágica” (Eliade:165): viver sem Deus ou deuses, sem mitos, sem verdades eternas. O ser humano, crente ou não, está eivado do sagrado. Permanece em nós a presença do sagrado manifesto no inconsciente.
No plano erótico, Poty volta-se para a matéria bruta, o erotismo dos corpos. Inclina-se para o erotismo carnal de Courbet e Dalton Trevisan (“A Polaquinha”). A sexualidade é por ele tratada com rudeza, a realidade nua e crua. Nesses desenhos, Poty é direto, sem subterfúgios. Vemos as mulheres de Poty como objetos do desejo, sempre apresentadas com delicadeza; quanto ao homem, o tratamento é mordaz, mais violência do que força. Os nus de Poty revelam uma objetividade seca, sem romantismo, muitas vezes o sexo como mercadoria. Poty é um instaurador de carnes. Não há galhardia, ele é direto. É muito mais o sexo sem beleza ou o fascínio do sexo como verdade. Mas há em todos esses desenhos um tratamento formal, construtivo, a afirmação do erótico sobre o biológico. Poty não bane a natureza, do mesmo modo que abriga o espiritual. O corpo humano é templo e casa, habitação. Há uma sacralidade no ser humano.
O público tem nesta exposição a oportunidade de perscrutar um Poty ambivalente: a experiência mística e a transgressiva, a contemplação e os sentidos, o amor divino e o carnal narrados por belas imagens.
Maria José Justino
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